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Editorial
A Engenharia Química, os desafios ambientais e a problemática da transição energética, eis o lema desta edição. A Engenharia Química tem sem dúvida um papel fundamental a desempenhar para mitigar o impacto do ciclo de vida do processo e do produto, tendo em vista o melhoramento da qualidade de vida da sociedade e a evolução dos processos em simbiose com o ecossistema natural. Esta visão integrada traz necessariamente um nível de exigência e de complexidade acrescidos na condução da operação dos processos químicos e biológicos, bem como na inovação e desenvolvimento de novos produtos e no «scale-up» industrial da sua produção, de modo a torná-los mais sustentáveis. A área disciplinar de Engenharia Química proporciona metodologias e abordagens sistemáticas na resolução destes problemas complexos, potenciando soluções tecnológicas que asseguram simultaneamente critérios de qualidade do produto, ambientais e de segurança. Exemplos disso são as medidas resultantes da intensificação e integração de processos, que visam maximizar a reutilização de produtos e subprodutos e minimizar o consumo de água e de energia. Estão na ordem do dia linhas de ação que contribuem decisivamente para acatar estes novos desafios tais como, para dar alguns exemplos, dispor de mais e/ou melhor instrumentação, implementar sistemas avançados de monitorização e supervisão dos processos, desenvolver «digital-twins» para apoio à decisão.
Na linha desta temática, contamos com a contribuição da Eng.ª Célia Pedro que nos apresenta uma resenha sobre a Engenharia Química, Ambiente & Transição Energética.
Temos ainda também a perspectiva do DEQ no Mundo, através do percurso académico e experiência profissional do Doutor Nuno Faísca.
Nesta newsletter apresentamos também uma retrospectiva dos principais eventos
e notícias de 2022.
Boa leitura.
Professor Doutor Lino Santos
Vice Presidente da PRODEQ
Coimbra, 31 de Março de 2023
Engenharia Química, Ambiente & Transição Energética
As alterações climáticas é uma das maiores ameaças deste século, os gases de efeito de estufa (GEE) resultantes da ação humana são os principais contribuidores. Um dos componentes maioritários no GEE é o CO2 (dióxido de carbono), predominantemente com origem na queima dos combustíveis fosseis.
Estudos indicam que outras atividades como agricultura e desflorestação massiva como fonte de combustível, levam à decomposição do material vegetal e libertação do carbono do solo resultando em GEE, pois as florestas têm um papel fundamental na absorção de CO2.
O aumento global de temperatura na Terra representa uma preocupação generalizada não só a nível científico, mas também político. Já se sente ameaça das zonas costeiras devido à subida do nível do mar provocado pelo fenómeno de fusão dos glaciares, que se calcula que representem 10% da superfície da terra.
Nos países socioeconomicamente menos desenvolvidos, verifica-se o aumento da desigualdade de direitos humanos. Os eventos climáticos devastadores, são mais sentidos nas populações mais desfavorecidas como África, por exemplo, que podem enfrentar dificuldades extremas no que diz respeito ao direito à saúde devido à indisponibilidade de água potável e alimento.
A transição Energética é o principal instrumento para travar a subida de temperatura global do planeta. Os objetivos são reduzir a necessidade dos combustíveis fosseis recorrendo a energia de baixa ou zero emissões de carbono, baseada em fontes renováveis, as chamadas energias verdes.
O Parlamento Europeu fixou a nova diretiva das Energias Renováveis (RED II) que estabelece a meta de 32% de energia proveniente de fontes renováveis na União Europeia em 2030.
Apesar da urgência da transição energética e dos avanços políticos através de Normas Europeias com metas delineadas é essencial que continue a ser proporcionado apoio governamental para o desenvolvimento de novas tecnologias mais eficientes.
Ainda que haja uma forte aposta nas energias renováveis, como a energia solar, eólica e hidráulica, estas também apresentam desvantagens. As tecnologias utilizadas para a produção de energia renovável, têm um retorno de investimento longo, necessitando de apoios governamentais para serem economicamente sustentável. São fontes de energia que dependem de condições climatéricas, isto é, dos ciclos de iluminação e meteorologia, sendo que os períodos de produção podem não corresponder às necessidades de consumo, existindo a necessidade de armazenagem. Por esse motivo, é fundamental que seja feito também investimento no desenvolvimento tecnológico de baterias que podem acumular esta energia.
Muitas vezes, em sede de política ambiental, o resultado final do procedimento legislativo traduz-se em legislação simbólica, de aplicação limitada se não mesmo impossível. Tais peças legislativas são como aqueles objectos decorativos que se colocam em cima das mesas para mostrar às visitas mas que removemos sempre que é preciso usar a mesa.
A legislação simbólica é inócua no que respeita à solução dos problemas ambientais. Mas não é inócua quando aumenta a burocracia e os custos de contexto, tornado mais difícil a vida das famílias e das empresas. E essa legislação simbólica torna-se perigosa quando dificulta a continuação de soluções técnicas existentes no mercado, comercializadas por preços razoáveis e com níveis de protecção ambiental adequados.
A economia circular é uma boa ideia mas não é uma ideia nova. Em Portugal há inúmeras áreas de actuação em sede de gestão de resíduos em que o sector privado oferece soluções integradas que são uma aplicação das melhores intenções da economia circular anunciada por Bruxelas.
Temo que o legislador português, quando chegarmos à fase da transposição das futuras Directivas, queira acrescentar mais uma dose de burocracia (“gold-plating”), tornando ainda mais difícil a aplicação das normas da União Europeia e ameaçando a continuidade dos exemplos virtuosos de que dispomos em Portugal em matéria de gestão de resíduos.
Enga. Célia Pedro
O DEQ no Mundo
Escrevo e apresento slides diariamente para governantes, presidentes de companhias privadas e fundos de investimento, mas falar com vocês é uma tarefa complicada porque me obriga a fazer uma introspeção do que alcancei ao longo dos últimos vinte anos desde que completei o curso de Engenharia Química em 2002.
A primeira memória que tenho é do grupo fantástico que tive a felicidade de conviver durante 5 anos. Na altura entravamos 40 por ano e a mínima duração do curso era de 5 anos, e foi de facto um grupo especial. Era um grupo diverso, indivíduos com capacidade de trabalho excepcionais, com personalidades e ambições muito distintos, e do qual guardo memórias muito importantes para mim. Tantas histórias que não cabem nesta página nem tenho mestria no uso da língua Portuguesa para descrever o que vivemos. Tenho saudades das conversas do nosso saudoso Senhor Vítor, do sorriso da Dona Mafalda e do olhar de pânico do Senhor Gândara quando invadíamos a sala dos terminais no Chimico, nem sempre muito silenciosos.
Com a perspectiva de ter estudado e lecionado mais tarde no Imperial College em Londres, digo com muito orgulho ter estudado Engenharia Química em Coimbra. Tive professores humanos e de elevadíssimo calibre científico. Corro o risco de levar reprimenda quando visitar o DEQ, mas como não mencionar a Professora Maria Margarida Figueiredo, a Maria Helena Gil, o Lino, o Pedro Nuno ou o Fernando Bernardo como exemplos – do Jorge Coelho tenho outras histórias que posso contar com um fino e tremoços na praça. Mas a minha carreira profissional foi marcada pelo Professor José Almiro e Castro e o Professor Pedro Saraiva.
Durante o meu projeto de investigação no quinto ano, em Setembro de 2001, comecei a trabalhar com o Professor Almiro na modelação e simulação em Fortran 77 do reator piloto de polimerização de VCM da CIRES em Estarreja. Comecei a viajar para Estarreja nessa altura e foi a minha primeira experiência industrial. O meu estágio profissional formalizou-se em 2002, depois de terminar o curso com a cadeira de química orgânica. A CIRES foi assim o meu primeiro emprego como Engenheiro Químico – um grande bem-haja ao Pedro Gonçalves, Alexandre Henriques e ao Paulo Resende.
Foi nessa altura que comecei também a trabalhar com o Professor Pedro Saraiva – PRODEQ e Bluepharma. Depois de ter concorrido sem sucesso a uma bolsa de doutoramento pela FCTC, surgiu a hipótese de emigrar para Londres e fazer um doutoramento no Imperial College em Londres em parceria com o Professor Stratos Pistikopoulos. Depois de partir uma perna a jogar futebol, assistir à derrota de Portugal na final do Euro, emigrei para o Reino Unido em Setembro de 2004. Foram 4 anos de muito trabalho, publiquei dez capítulos em livros sobre optimização, seis artigos em revistas de renome mundial como a Automatica e o Journal of Global Optimization, e mais de 20 artigos em conferências. A orientação do Professor Pedro Saraiva e a memória do Professor Almiro estiveram sempre comigo nesta aventura.
Quando tudo fazia prever uma carreira académica nos Estados Unidos, decidi que o mundo académico não era para mim. Como acabei o doutoramento em 2008, as oportunidades de emprego em Londres eram reduzidas e decidi aceitar um convite de uma spin-off do Imperial College, a Process Systems Enterprise (gPROMS, agora parte da Siemens), e fui trabalhar com o Professor Costas Pantelides. As coisas não correram como desejado e mudei-me para a Aspen Technology em 2009. Foi lá que me comecei a cruzar com os filhos do DEQ, neste caso a Patrícia Aguiar.
Passados dois anos e meio, e farto de conduzir duas horas por dia até Reading, decidi que estava na altura de abandonar os simuladores, os fluxos de energia e as discretizações com grelhas exponenciais, e abracei em 2011 um novo desafio como consultor na Nexant-Chemsystems (agora NexantECA). Tive uma exposição muito grande ao mundo empresarial e à componente comercial de qualquer investimento na indústria química.
Talvez por falha minha, mas julgo que este talvez seja o tópico mais em falha na minha formação em Engenharia Química em Coimbra. A capacidade de projetar preços de produtos químicos, matérias-primas, volumes de consumo e produção é tão importante como desenhar e optimizar os processos químicos e as operações unitárias. A perspectiva técnica que aprendi no DEQ é sem dúvida uma das minhas maiores vantagens profissionais, mas tive de aprender bastante rápido como estruturar financeiramente um empréstimo para construir uma fábrica petroquímica (a Professora Gaudêncio, matava-me se escrevesse planta) ou como fazer uma due diligence a uma companhia privada.
Nos últimos 11 anos tive muita sorte nos projetos em que estive envolvido, e como referência fui o representante dos bancos no empréstimo à Dow e Aramco para a construção da Sadara Chemicals em Al Jubail na Arábia Saudita - onde encontrei mais filhos do DEQ, Arménio Costa, Arnaldo Costeira, Norberto Sousa e o Carlos Preciso. Mais recentemente liderei a equipa que fez o technical due diligence, na aquisição da Oxiteno pela Indorama.
Em Junho de 2022, aceitei um convite da Wood Mackenzie em Londres para liderar e apoiar a expansão das nossas actividades na indústria química. Neste percurso continuo em contacto com o Professor Pedro Saraiva, e com grande parte dos meus colegas de curso. A única coisa que ainda atrapalha, é como traduzir Licenciatura e explicar que cinco anos de licenciatura era só o mínimo – se eles soubessem que tivemos de aprender os filtros de Kalman.
Vista do meu escritório:
Pelo caminho, tenho passaporte da Grã-Bretanha, fui perdendo o cabelo, e tenho duas filhas, a Isabella de mãe Siciliana e a Beatriz com a minha companheira actual de Trinidad e Tobago.
Abraço e boa sorte,
Nuno Faísca
O ano de 2022 em revista.
PRODEQ20 - 20 anos ao serviço da Engenharia Química
Fundada em abril de 2001 a PRODEQ comemorou no passado dia 14 de setembro 20 anos de existência. A efeméride foi assinalada com a realização de um evento comemorativo designado PRODEQ20 - 20 anos ao serviço da Engenharia Química.
Neste evento foi feita uma retrospectiva do caminho percorrido pela PRODEQ, recordando as razões que levaram à sua criação e alguns dos seus projetos mais relevantes. Perspectivaram-se também novos caminhos para o futuro da Engenharia Química, ligando o passado ao futuro sem nunca esquecer o presente.
Sendo a Investigação um dos principais vetores da PRODEQ, foram também apresentados em linhas gerais os trabalhos que os diversos grupos de investigação do CIEPQPF - (Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta)(https://www.uc.pt/ciepqpf/) estão a desenvolver.
O encerramento ficou a cargo do Quarteto de Cordas da TAUC que proporcionou um momento único e especial aos presentes.
50 anos de Engenharia Química celebrados a pensar no futuro
Aniversário do Departamento de Engenharia Química foi assinalado com vários momentos comemorativos a 12 de setembro. O programa decorreu nos dias 14 e 21 de Setembro.
Criado em 1972, o Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC celebra 50 anos. A data foi assinalada com uma sessão comemorativa, onde se incluiu o descerramento de uma placa alusiva à efeméride.
Na sessão de abertura, Amílcar Falcão deu os parabéns ao DEQ e lembra que "somos todos Universidade de Coimbra", em todos os momentos, sublinhando as vantagens da união e "agregação em torno de uma marca forte, neste caso da UC". O desejo do Reitor da UC é que o DEQ "ao fazer 50 anos, pense já nos próximos dez ou 20 anos", concluiu.
A investigação foi destacada pelo diretor da FCTUC, Paulo Eduardo Oliveira, durante a sessão. "O DEQ é um bom espelho da evolução da FCTUC", considera o diretor, porque "tem mostrado capacidade de se adaptar aos conhecimentos científicos e tem sabido crescer e alargar os horizontes de interesse".
50 anos de Engenharia Química na Universidade de Coimbra
As iniciativas de comemoração da efeméride decorreram nos passados dias 12, 14 e 21 de setembro.
O Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) promoveu um conjunto diversificado de iniciativas, nos passados dias 12, 14 e 21 de setembro, para comemorar os 50 anos de Engenharia Química na Universidade de Coimbra (UC).
O evento que assinalou a data de aniversário realizou-se no dia 12 de setembro e teve como tema “Do passado ao futuro”. Durante a manhã, após a sessão de abertura, às 9h15m, foi inaugurada a “Linha do Tempo” do DEQ, que identifica os marcos mais decisivos do departamento, e descerrada a placa comemorativa dos 50 anos de Engenharia Química, com a presença do Reitor da UC, Amílcar Falcão.
No período da tarde, destacou-se o sucesso do DEQ no ensino e na ligação à indústria, com a participação do CEO da empresa The Navigator Company e de outros antigos alunos do curso de Engenharia Química. As comemorações do dia 12 terminaram com uma mesa redonda sobre “O Futuro da Engenharia Química e a Transição para a Sustentabilidade”.
Equipa da Universidade de Coimbra desenvolve novos bioprocessos para reciclar resíduos de painéis fotovoltaicos
Os resíduos reciclados poderão depois ser usados em áreas como a Biomedicina e a Biotecnologia.
De olhos postos no futuro, uma equipa de investigadores e alunos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um projeto que aposta na criação de um processo inovador para reciclar resíduos de painéis solares, que são altamente tóxicos para o meio ambiente, através da utilização de bactérias que os captam, permitindo a sua utilização em áreas como a Biomedicina e a Biotecnologia.
Sendo Portugal um país que aposta na produção de energia solar gerada através de painéis fotovoltaicos, o “SUSTe - Development of SUStainable and integrative bioprocess for the recovery of TellurIum-based nanoparticles from photovoltaic wastes” foi pensado para resolver um problema ambiental que ainda não existe, mas que há de chegar: o que fazer com tantos painéis solares em fim de vida?
A solução proposta pela equipa liderada por Jorge Pereira, investigador do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), Departamento de Engenharia Química da FCTUC, passa por, através de um modelo de economia circular, «dar uma segunda vida aos metais. Neste caso, é pegarmos num metal, o telúrio, um resíduo dos painéis fotovoltaicos, e dar-lhe um valor acrescentado. Por exemplo, se for na forma de nanopartículas para uma aplicação biomédica terá um valor muito superior».
Prémio de Inovação J. Norberto Pires atribuído a projeto de tubo-guia biodegradável para regeneração de nervo periférico
O galardão foi entregue durante o evento Inovação@UC, realizado no Convento São Francisco.
O projeto NerveGen, de produção (por impressão 3D) de dispositivos médicos biodegradáveis para regeneração nervosa periférica, é o vencedor da 1.ª edição do Prémio de Inovação J. Norberto Pires, atribuído pela Universidade de Coimbra (UC).
O galardão foi entregue esta quarta-feira, dia 9, a Jorge Coelho, docente e investigador do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, responsável pelo projeto, durante o evento Inovação@UC, realizado no Convento São Francisco (Coimbra).
O projeto NerveGen procura dar resposta ao problema da perda de funções sensoriais e motoras de pessoas que sofreram lesões dos nervos periféricos (devido, por exemplo, a acidentes rodoviários ou laborais, tumores ou infeções virais), com grande impacto na sua qualidade de vida e produtividade. A equipa liderada por Jorge Coelho desenvolveu uma formulação revolucionária (entretanto patenteada) para a produção – por impressão 3D – de pequenos tubos-guia, de dimensão adaptável, que fazem a ligação e permitem a reconexão das duas extremidades de um nervo lesionado [cortado]. Esta proposta de tubo-guia, já testada em animais, apresenta vantagens claras face às soluções existentes até aqui para dar resposta a lesões nervosas do género: possui resistência estrutural à sutura, não produz subprodutos tóxicos, é flexível e tem excelente integridade estrutural, transparência, permeabilidade, facilidade de armazenamento à temperatura ambiente, e poderá ser produzida de acordo com as necessidades especificas de cada paciente.
H2OforAll - 4 milhões de euros para desenvolver tecnologia inovadora que garanta a qualidade da água de consumo
O projeto internacional é liderado pela Universidade de Coimbra.
Chama-se H2OforAll e o grande objetivo deste ambicioso projeto internacional, liderado pela Universidade de Coimbra (UC), é desenvolver um conjunto de tecnologias inovadoras que atuem a nível da prevenção, monitorização e descontaminação da água de consumo, garantindo a máxima qualidade da água que bebemos, bem como normas orientadoras de apoio aos decisores políticos, quer em termos de legislação, quer ao nível de comportamentos a adotar pela população.
Para alcançar os objetivos propostos, o projeto, liderado por Rui Martins, do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), conta com quatro milhões de euros atribuídos pela União Europeia (UE) no âmbito do programa Horizon Europe. O H2OforAll arranca no dia 1 de novembro e tem a duração de três anos. Além de Portugal, envolve investigadores e empresas da Alemanha, Bélgica, Chipre, Espanha, Israel, Países Baixos, Polónia, Reino Unido e Suécia.
Genericamente, as várias equipas do projeto vão desenvolver tecnologias vanguardistas de monitorização da qualidade da água de consumo doméstico, de proteção das fontes de água potável e de redução da quantidade de produtos de desinfeção nestas águas.
Cientistas da Universidade de Coimbra criam material superisolante com borracha de pneus usados
O trabalho foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos e compreendeu várias etapas até os cientistas conseguirem o seu objetivo.
O desafio de criar um novo tipo de isolamento térmico e acústico para edifícios, numa perspetiva da economia circular, juntou investigadores de engenharia civil e engenharia química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), que, pela primeira vez, produziram um aerogel com matriz homogénea de sílica e borracha, criando um novo material superisolante ecológico e mais económico.
Considerando que, por um lado, na Europa são produzidos cerca de 355 milhões de pneus por ano e, por outro lado, os aerogéis são ótimos isolantes térmicos, mas são dispendiosos, os cientistas apostaram no desenvolvimento de um aerogel incorporando borracha de pneus usados.
Liderado por Paulo Santos, investigador do ISISE (Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering) e professor do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC, o projeto TYRE4BUILDINS, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos e compreendeu várias etapas até os cientistas conseguirem o seu objetivo. A tecnologia desenvolvida no âmbito do projeto foi submetida a processos de patenteamento nacional e internacional.
Mulheres da UC na Ciência: Goreti Sales
Docente e investigadora do BioMark@UC, Goreti Sales, é a primeira convidada da nova rubrica.
Professora e investigadora do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Goreti Sales é a primeira convidada do “Mulheres da UC na Ciência”.
Licenciada em Ciências Farmacêuticas, Goreti Sales trabalha essencialmente com nanomateriais biomiméticos e dispositivos (bio)sensores. Os seus interesses de investigação são focados no tratamento de várias doenças, em particular as neurodegenerativas, que por norma surgem associadas ao envelhecimento.
Recentemente, Goreti Sales embarcou no projeto “MindGap” que pretende estabelecer uma relação entre mente, corpo, mediação e vesículas extracelulares e perceber que efeito terá a meditação no funcionamento das células do corpo.
MORfood, o projeto que quer ajudar a combater a má nutrição no mundo
O trabalho foca-se em produzir microcápsulas ricas em compostos bioativos extraídos de Moringa oleifera, conhecida como a planta da vida, que serão incorporadas em determinados alimentos (pão, iogurtes e sumos) para crianças em idade escolar, entre os 4 e 10 anos.
Combater a desnutrição infantil em países em vias de desenvolvimento é o grande objetivo do projeto “MORfood - Microencapsulação de extratos de Moringa oleifera e sua aplicação em alimentos funcionais”, liderado pelo investigador Licínio Ferreira, da Universidade de Coimbra (UC).
O projeto, com a duração de três anos, tem um financiamento de cerca de 230 mil euros, atribuído pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Aga Khan, uma fundação que apoia projetos nos domínios da saúde e educação, nomeadamente o desenvolvimento científico e tecnológico dirigido ao progresso da qualidade de vida no continente africano.
Além da equipa da Universidade de Coimbra, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC), da Faculdade de Farmácia (FFUC) e da PRODEQ - Associação sem fins lucrativos do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da FCTUC, também participam no projeto investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e da Universidade Agostinho Neto (UAN), em Angola.
Equipa luso-brasileira desenvolve produtos inovadores para controlo do mosquito que transmite doenças como Dengue e Febre Amarela
Os produtos desenvolvidos têm na sua base óleos naturais, extraídos de plantas nativas do Brasil e da Ásia.
Uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), com a participação da Universidade Federal da Bahia e da Fundação Oswaldo Cruz, no Brasil, desenvolveu um conjunto de produtos inovadores de origem natural, seguros e de baixo impacto ecológico, para controlar a proliferação das espécies de mosquito responsáveis pela transmissão de doenças como Dengue, Zika, Chikungunya, febre amarela e febre do Nilo Ocidental.
Os produtos desenvolvidos – distribuídos por duas gamas, uma para eliminar as larvas em água e outra para ser utilizada em armadilhas de captura de insetos – têm na sua base óleos naturais, extraídos de plantas nativas do Brasil e da Ásia, combinados com polímeros biodegradáveis, e recorrem a técnicas e solventes “verdes” e de baixo impacto ambiental. Têm ainda a particularidade de permitirem a libertação controlada dos princípios ativos de forma eficiente.
As formulações desenvolvidas pelos cientistas da UC e do Brasil distinguem-se por serem «biodegradáveis, sem propriedades tóxicas ou perigosas para humanos, animais e meio ambiente, e foram pensadas para serem usadas, de uma forma generalizada, no controlo de mosquitos do género Aedes (Aedes aegypti, Aedes albopictus e Aedes japonicus), insetos vetores de doenças como a Dengue, Zika, febre Chikungunya, febre amarela e febre do Nilo Ocidental», destaca Hermínio Sousa, investigador do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF) da UC e coordenador do projeto.
Estudantes da Universidade Coimbra criam lancheira ecológica à base de cortiça
Para criar a The Cork Food Box, a equipa inspirou-se nas práticas sustentáveis utilizadas no passado por trabalhadores agrícolas na região do Alentejo.
Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra (UC) desenvolveu uma lancheira ecológica – The Cork Food Box – produzida com cortiça e um biopolímero (bioplástico), em colaboração com a Amorim Cork Composites, empresa do grupo Amorim, líder mundial na indústria da cortiça.
O projeto começou a ganhar forma no início de 2020, após um desafio lançado por João d’ Orey, professor convidado da unidade curricular de Gestão e Empreendedorismo do Mestrado Integrado em Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). A ideia, conta o docente, era que os alunos fossem capazes de criar «um modelo de negócio sustentável centrado na economia circular. Mais concretamente, que desenvolvessem um produto inovador que permitisse reduzir a utilização de plásticos, descartáveis e não descartáveis, e outros materiais de uso único, que fosse durável e que simultaneamente tivesse um impacto positivo ao longo do seu ciclo de vida».
Os estudantes Alexandre Jorge, Ana Silva, Cindi Costa, Francisco Brandão, Margarida Oliveira, Raquel Caracitas e Rodrigo Moreira constituíram equipa e avançaram com o projeto, a que deram o nome R8- the cork food box. A opção pelo uso da cortiça «fazia todo o sentido, já que é um produto 100% natural e endógeno de Portugal, que é o maior produtor mundial de cortiça», afirmam os estudantes. Além disso, sublinham, «os compósitos de polímero de cortiça podem ser personalizados e moldados de acordo com as necessidades do cliente, são leves e de extraordinária resistência».
Consórcio investe 2,1 milhões de euros para construir o Armazém Automático do Futuro
A Universidade de Coimbra (UC) faz parte de um consórcio que acaba de efetuar um investimento de mais de 2,1 milhões de euros ao abrigo do programa Compete 2020, no âmbito da Iniciativa Clube de Fornecedores da PSA, para construir o armazém automático do futuro.
Liderado pela empresa RARI (Construções Metálicas, Engenharia, Projetos e Soluções Industriais, S.A), o consórcio integra também a Universidade do Porto (UP) e as empresas Globaltronic, 4iTec Lusitânia SA, NOS Comunicações e NOS Technology.
Na era da customização em massa, «os centros produtivos do Original Equipment Manufacturer (OEM) registam um fluxo massivo de componentes no processo de aprovisionamento e alimentação das linhas de montagem. Neste âmbito, surge o paradigma Smart Warehouse, o qual, embora de configuração e implementação complexas, assenta em tecnologias emergentes para proporcionar a total automação, integração e digitalização dos fluxos logísticos e intralogísticos», contextualiza o consórcio.